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A Escolha do Barco



Porque comprar um Lagoon 42?
Porque um barco tão caro que vai comprometer uma parcela tão grande do nosso orçamento ?
É claro que existem vários barcos mais baratos.
Com certeza um investimento menor no barco nos deixaria mais tranquilos com relação às nossas finanças, com mais margem para gastar com despesas extras.
Além disso poderíamos aproveitar a viagem sem ter um compromisso tão grande com o orçamento mensal.
Sobraria mais dinheiro para passeios, restaurantes, aluguel de carros e coisas assim.
Então porque escolher um barco mais caro?
Na verdade uma série de fatores nos levou a tomar essa decisão. E só o tempo vai dizer se ela foi a mais acertada.
Primeiro a questão da escolha por um catamarã. Resolvemos comprar um sem nunca termos velejado nesse tipo de barco. Na verdade, com relação ao Lagoon 42, nós nunca nem vimos o barco ao vivo!
Mas depois de alguns anos velejando em monocascos eu sabia de algumas coisas que queria e outras que não.
Por exemplo um calado alto. A partir de um metro e oitenta a entrada em alguns lugares ou aproximação de algumas praias começa a ficar complicada.
E barco maiores com menos de um metro e oitenta de calado precisam utilizar algum sistema de quilha retratil.
Esses sistemas, de um modo geral, são complexos, caros e requerem manutenção.
Já o catamarã, por princípio, é um barco de baixo calado, geralmente menos de um metro e meio, o que dá a ele uma flexibilidade muito grande nesse sentido.
Também não queria a mesa de navegação sem visibilidade externa.
Talvez por um hábito de piloto acredito que o navegador deva poder olhar para frente, para onde está indo.
Na imensa maioria dos monocascos a mesa de navegação fica dentro da cabine e sem visibilidade externa.
Nos catamarãs a cabine entre os cascos tem visibilidade de quase trezentos e sessenta graus e é ali onde fica a mesa de navegação.
Outro ponto talvez influenciado por uma vida inteira pilotando aviões é que no monocasco o posto de pilotagem oferece uma visão muito limitada para frente a não ser que você esteja de pé. Isso resulta em que na maior parte do tempo que você está de vigia no cockpit você não está realmente olhando para frente e sim para trás!
Mais uma vez, por questões de design no catamarã esse problema não existe.
Quanto aos pontos que eu quero estão questões de redundância de sistemas como dois lemes e dois motores até pontos mais subjetivos como uma cozinha integrada ao cockpit e espaço para a Alessandra praticar yoga a bordo.
Também pensamos bastante durante a fase de idealização da viagem em utilizar o barco que já tínhamos, o belo Aruna.
O barco era de um bom tamanho, muito marinheiro e sobretudo já estava pago.
Por outro lado teríamos que investir um bom dinheiro para deixá-lo em condições perfeitas para uma travessia oceânica. E esse dinheiro não voltaria em caso de uma venda. Ou seja, seria reformar para não vender mais.
Outro ponto que não nos agrada muito é a questão da rota.
Não estamos muito interessados em subir a costa brasileira e gostaríamos de velejar no Mediterrâneo. Por tanto o mais lógico foi comprar o barco já na Europa.
Por fim existe a questão da venda do veleiro após o término da viagem.
Nosso projeto tem  data de início e fim.
Minha licença irá durar dois anos e depois disso retornaremos a nossa vida normal em terra ( ou no ar no meu caso).
Por isso é muito importante que o barco tenha liquidez na venda.

Não queremos ficar muito tempo com o veleiro abandonado em uma marina no Caribe enquanto um novo dono não aparece. E o Lagoon 42 é o maior sucesso de vendas da fábrica portanto acreditamos que será relativamente fácil de vendê-lo depois da viagem.

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