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La Rochelle – Gijón



No domingo de Páscoa pela manhã finalmente saímos de La Rochelle em direção a Espanha.
A cidade de La Rochelle é um paraíso para quem gosta de veleiros.

Veleiro Joshua - de Bernard Moitessier

Nunca tínhamos visto tantos barcos interessantes juntos.
 Aliás, nunca tínhamos visto tantos barcos juntos!


Mas estava na hora de avançar. O clima não estava dos mais hospitaleiros, com vários dias com temperaturas próximas a zero e alguns dias até mesmo com neve. Além disso toda a tripulação estava ansiosa para uma navegada mais longa.



As janelas de tempo de mais de três dias simplesmente não estavam aparecendo, então decidimos seguir para Gijon na Espanha o que significaria uma velejada de umas 270 milhas que pretendíamos fazer em torno de quarenta e oito horas.
E a velejada teve de tudo. Nas primeiras horas, depois da saída do porto o mar começou a levantar e a proa começou a enterrar nas ondas com um barulho forte. Em pouco tempo toda a tripulação estava verde. Nada muito animador para quem estava saindo para dois dias de mar aberto.

Mas à tarde as coisas começaram a melhorar. O vento passou a vir do quadrante certo, soprando a agradáveis quinze nós. As ondas curtas se transformaram em rolões e o Biguá começou a gostar da brincadeira. Além disso passamos a ser escoltados por uma quantidade grande de golfinhos que ficaram ao nosso lado por bastante tempo.
Organizamos os turnos de vigia montando duas duplas que trabalharam por duas horas de cada vez e o esquema funcionou bem.
Havia uma quantidade grande de navios, mas sobre esse aspecto o AIS é uma grande ajuda.
Trata-se de algo equivalente ao transponder na aviação. Um equipamento que nos mostra todos os tráfegos ao nosso redor (desde que eles também possuam AIS) e também permite que esses tráfegos nos vejam. Isso diminui muito o risco de colisão. E aumenta a qualidade do sono.
Na segunda noite, tínhamos andado tão bem que a previsão de chegada tinha sido bem adiantada. O que significava que teríamos que entrar no porto ainda a noite.
Entrar em um porto desconhecido no escuro nunca é uma boa ideia. Então resolvemos aproveitar que o vento estava diminuindo mesmo e baixamos todos os panos para esperar algumas horas.
Uma hora depois o vento foi a zero e o mar ficou espelhado. Foi uma experiência bem interessante. Estávamos completamente parados, como se o barco estivesse no seco, em uma noite escura sem enxergar nada para fora com quatro mil metros de água abaixo de nós.
Passada mais uma hora o vento começou a voltar. Beleza! Hora de voltar a velejar. E sobe vela.
Dez nós de vento. Quinze. Vinte, vinte e cinco, vinte e oito agora com ondas. Chega. Hora de rizar as velas. E a tripulação correndo pra lá e pra cá no meio da madrugada.
No meio da ventania falei para a Alessandra: - Esse tempo aqui é coisa de maluco!
E ela me respondeu: - Velejar é que é coisa de maluco...
Mas ao amanhecer o vento tinha diminuído novamente e entramos com vento calmo em um belo porto espanhol. Um que conquistamos a vela!
Tudo novo, todos felizes e já pensando na próxima navegada.
.Velejar é coisa de maluco mesmo.




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