Muitas pessoas acham que viver a bordo de um veleiro navegando pelo mundo afora é uma vida de sonhos com águas cristalinas, lugares incríveis e drinks no cockpit.
Realmente é. Mas não é só isso.
Também envolve bastante trabalho e stress. Algumas coisas que em casa não significam nada aqui adquirem uma dimensão diferente.
Por exemplo comprar gás. Temos dois botijões de três quilos a bordo. O compartimento do gás é bastante grande e caberiam botijões bem maiores do que esses.
Entretanto, quando íamos comprá-los, lá na França, recebemos uma advertência de um velejador: " Comprem os de três quilos. Eles são padronizados em toda Europa e é muito fácil trocá-los".
Pois assim o fizemos. Quando chegamos em Porto já estávamos com um deles vazio e decidimos que compraríamos outro cheio no dia seguinte.
De manhã cedo saímos bem contentes carregando um liquinho pela marina em direção à loja náutica para comprar mais gás. Nada poderia ser mais simples.
Ao entrarmos na loja a expressão do vendedor nos preocupou: "Mas esse não é um Camping Gás..."
Olha senhor, a marca eu não sei, mas esse botijão é padronizado e vale em toda a Europa, respondi eu do alto da minha ingenuidade.
"Pois aqui em Portugal não vale coisa nenhuma
Devia ser má vontade do vendedor. Saímos da loja e lá fomos nós pelo pequeno bairro próximo a marina, carregando o bendito liquinho, a procurar de uma ferragem ou mercado. Obviamente não achamos.
Depois de uma meia hora caminhando de um lado para outro uma senhora saindo de uma padaria e vendo nosso olhar de desânimo nos ofereceu ajuda:
" Mas isso vocês vão encontrar na drogaria!"
Expliquei para ela que talvez não enxergasse bem que se tratava de um botijão de gás e não de receita de remédio.
"Pois exatamente. É na drogaria". Foi aí que descobrimos que em Portugal ferragem é drogaria.
E ela nos levou em três. E nesse meio tempo nos contou, em detalhes , sobre seus muitos anos de casamento, mais tantos de viuvez e todas as fofocas que as vizinhas fazem.
Acabamos sabendo sobre a vida de todo mundo mas sem o bendito gás.
Descobrimos que "a uns vinte minutinhos de caminhada" existia outra drogaria que vendia gás e lá fomos nós e nosso inseparável amigo botijão tentar encontrar. Só esqueceram de nos dizer que a caminhada era morro acima e que aquela velhinha devia ser ex-atleta olímpica porque nós levamos quase uma hora para chegar lá.
Quando entramos na tal drogaria ouvimos as palavras fatídicas novamente: " Mas esse não é um camping gás"! Parecia piada só que não estávamos achando nenhuma graça.
-"Tudo bem. Azar. Vamos comprar na loja da marina mesmo.Compramos um botijão novo e resolvemos isso".
Só que quando chegamos lá a loja já tinha fechado. "Bom, fica para amanhã".
No dia seguinte cedinho estávamos na frente da loja. Que continuava fechada. Alguém na rua nos avisou: " Hoje não vai abrir. Nem essa nem nenhuma. Hoje é feriado em Portugal". Começamos a pensar em receitas com comidas cruas. A situação estava ficando crítica.
Durante a noite o inevitável acontece. O gás acaba e o jantar rapidamente muda de sopa para sanduíche.
Depois do feriado (que deveria ser o dia nacional da comida fria) voltamos humildes e derrotados a loja da marina:
-" Nós desistimos de trocar o botijão. Vamos comprar um novo com o senhor".
-"Pois agora não os tenho mais. Vendi todos antes do feriado depois que vocês saíram daqui !".
Para encurtar a história digo que nesse dia ainda fomos a mais umas cinco lojas, caminhamos vários quilômetros, nos perdemos, pegamos táxi mas no final do dia voltamos ao Biguá com um botijão cheio.
E agora sim: um autêntico Camping Gás!
Realmente é. Mas não é só isso.
Também envolve bastante trabalho e stress. Algumas coisas que em casa não significam nada aqui adquirem uma dimensão diferente.
Por exemplo comprar gás. Temos dois botijões de três quilos a bordo. O compartimento do gás é bastante grande e caberiam botijões bem maiores do que esses.
Entretanto, quando íamos comprá-los, lá na França, recebemos uma advertência de um velejador: " Comprem os de três quilos. Eles são padronizados em toda Europa e é muito fácil trocá-los".
Pois assim o fizemos. Quando chegamos em Porto já estávamos com um deles vazio e decidimos que compraríamos outro cheio no dia seguinte.
De manhã cedo saímos bem contentes carregando um liquinho pela marina em direção à loja náutica para comprar mais gás. Nada poderia ser mais simples.
Ao entrarmos na loja a expressão do vendedor nos preocupou: "Mas esse não é um Camping Gás..."
Olha senhor, a marca eu não sei, mas esse botijão é padronizado e vale em toda a Europa, respondi eu do alto da minha ingenuidade.
"Pois aqui em Portugal não vale coisa nenhuma
Devia ser má vontade do vendedor. Saímos da loja e lá fomos nós pelo pequeno bairro próximo a marina, carregando o bendito liquinho, a procurar de uma ferragem ou mercado. Obviamente não achamos.
Depois de uma meia hora caminhando de um lado para outro uma senhora saindo de uma padaria e vendo nosso olhar de desânimo nos ofereceu ajuda:
" Mas isso vocês vão encontrar na drogaria!"
Expliquei para ela que talvez não enxergasse bem que se tratava de um botijão de gás e não de receita de remédio.
"Pois exatamente. É na drogaria". Foi aí que descobrimos que em Portugal ferragem é drogaria.
E ela nos levou em três. E nesse meio tempo nos contou, em detalhes , sobre seus muitos anos de casamento, mais tantos de viuvez e todas as fofocas que as vizinhas fazem.
Acabamos sabendo sobre a vida de todo mundo mas sem o bendito gás.
Descobrimos que "a uns vinte minutinhos de caminhada" existia outra drogaria que vendia gás e lá fomos nós e nosso inseparável amigo botijão tentar encontrar. Só esqueceram de nos dizer que a caminhada era morro acima e que aquela velhinha devia ser ex-atleta olímpica porque nós levamos quase uma hora para chegar lá.
Quando entramos na tal drogaria ouvimos as palavras fatídicas novamente: " Mas esse não é um camping gás"! Parecia piada só que não estávamos achando nenhuma graça.
-"Tudo bem. Azar. Vamos comprar na loja da marina mesmo.Compramos um botijão novo e resolvemos isso".
Só que quando chegamos lá a loja já tinha fechado. "Bom, fica para amanhã".
No dia seguinte cedinho estávamos na frente da loja. Que continuava fechada. Alguém na rua nos avisou: " Hoje não vai abrir. Nem essa nem nenhuma. Hoje é feriado em Portugal". Começamos a pensar em receitas com comidas cruas. A situação estava ficando crítica.
Durante a noite o inevitável acontece. O gás acaba e o jantar rapidamente muda de sopa para sanduíche.
Depois do feriado (que deveria ser o dia nacional da comida fria) voltamos humildes e derrotados a loja da marina:
-" Nós desistimos de trocar o botijão. Vamos comprar um novo com o senhor".
-"Pois agora não os tenho mais. Vendi todos antes do feriado depois que vocês saíram daqui !".
Para encurtar a história digo que nesse dia ainda fomos a mais umas cinco lojas, caminhamos vários quilômetros, nos perdemos, pegamos táxi mas no final do dia voltamos ao Biguá com um botijão cheio.
E agora sim: um autêntico Camping Gás!
Estes são botijões aceitos na Espanha, o "Camping gás" é idêntico, só que a cor é azul claro.
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