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ILHAS BALEARES - DIFÍCIL IR EMBORA

A maioria das pessoas tem uma ideia pré concebida sobre as Ilhas Baleares.




Especialmente Ibiza, que está no imaginario de muita gente como um lugar de gente rica e de super festas até o dia nascer.

Bom, tudo isso é verdade. 



Mas as ilhas tem muito mais. 
E para quem, como nós, viaja de barco, um outro lado inteiro aparece.
Chegamos nas Baleares por Formentera, a menor das ilhas e também a mais próxima para quem está vindo da região de Málaga como era o nosso caso.
A navegada tinha sido dura. Três dias e três noites com com vento e mar bem maiores do que havia sido previsto.
Na segunda noite em especial, a marinha espanhola começou a transmitir avisos de tempestade pelo rádio enquanto nós víamos o vento já acima dos trinta nós chegando a rajadas de trinta e sete.
É difícil avaliar o tamanho das ondas a noite mas no rádio falavam de quatro metros. O problema é que eram ondas curtas, que chegavam quebrando com muita espuma na crista e fazendo um barulho nada amigável.
Durante aquela madrugada de surf involuntário somente uma vez fiquei preocupado que o barco pudesse atravessar na descida de uma onda especialmente grande. Surfamos a quatorze nós com a vela mestra totalmente rizada e só um pedacinho de genoa do tamanho de um lenço. Mas o barco se comportou muito bem e o piloto automático corrigiu o curso melhor do que eu (Márcio) faria.
Acabamos andando tanto que chegamos no meio da madrugada.
E, como preferimos não entrar em lugares desconhecidos a noite e o mar já estava calmo, ficamos parados a algumas milhas da costa esperando o sol nascer.





E quando nasceu nos mostrou as águas mais cristalinas que já havíamos visto!





Ancoramos próximo a praia , com oito metros de profundidade, vendo a âncora no fundo de areia.
Conforme a manhã foi avançando começaram a chegar outros barcos. Muitos barcos. E que barcos! Um desfile de mega yachts a vela e a motor. Veleirinho de cem pés tinha tantos que nem olhávamos mais. Isso sem falar nos barcos realmente grandes...








E na praia a parte de cima do biquíni foi abolida. Muitas vezes a de baixo também.
 Acho que gastam tanto dinheiro nos barcos que não sobra nada pra comprar roupas. (brincadeira)



Mallorca e Menorca mantiveram o mesmo padrão. Ancoragens seguras e lindas. Todas a poucas horas de velejada umas das outras. Todas muito cheias mas, mesmo na altíssima temporada, sempre com algum lugarzinho disponível.






 



As marinas são caríssimas e lotadas em julho e agosto. Mas durante todo o tempo que ficamos por aqui não paramos em marina nem uma vez. É possível ficar o tempo todo na âncora.




É difícil dizer o que são as Baleares. 
Tem de tudo por lá: praias com cadeiras e guarda-sol, bares e música alta, praias sossegadas de areia branca e água de todos os tons de azul imagináveis, praias com pedras, grutas e lugares para mergulhar, praias com pedras altas, onde a diversão é saltar da pedra e escalar para saltar outra vez, praias sem areia, só com pedras, rios que desembocam no mar, praias no meio de parque ecológico, praia com uma cidade completa, porto e todas as facilidades...
É só escolher. Tem tudo isso e mais.
Nossa visão das Baleares estava bem romântica. Estavamos apaixonados por lá!
Saímos com o coração apertado. (tínhamos que ir até Roma e voltar antes do final da temporada!)









A volta foi surpreendente. 
Sabíamos que não teríamos o sol e o calor de antes, pois já estávamos entrando no outono no hemisfério Norte.
Sabíamos também que teríamos que sair logo de lá.
O que a gente não sabia, é que nessa época há uma invasão de águas vivas!!!
Elas são conhecidas popularmente como ovo frito.
Não são muito perigosas, mas vêm em bando e são grandes!
Fizemos um vídeo lindo com elas:

Águas vivas em Les Illetes - Mallorca



Saímos das Baleares no finalzinho de setembro.

O clima já estava diferente.
Ainda conseguimos aproveitar a praia e a água de Formentera, que foi nossa entrada e saída desse conjunto de ilhas fantástico.
Mas saímos na hora certa.
Depois disso o tempo mudou muito. 
Vimos notícias na TV de muita chuva, enxurradas e até um Tsunami meteorológico aconteceu por lá.
Concluímos que existe uma época certa para estar em cada lugar.
Mas isso é algo que todo o velejador  já sabe.
Contra o clima, o mar, o tempo, não somos nada.
Amamos o mar, mas temos que respeitá-lo acima de tudo.
Para nós, somente boas lembranças e estes lindos registros que compartilhamos aqui.


Comentários

  1. Olá Bigueiros! Uma delicadeza e simpatia sós vocês pedirem sugestões. A minha é: sigam a narrar suas emoções, suas descobertas, que o olhar de vocês não sendo de turistas e sim desbravadores vai além do convencional e a mim encanta sempre. Me contem, nos contem, como tem feito desde o começo, com emoção, verdade e maravilhamentos! Bons ventos sempre!

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