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TRAVESSIA GIBRALTAR – ILHAS CANARIAS




Depois de 12 dias de espera e muitos passeios, depois de todo o mal tempo passar, finalmente a meteorologia se mostrou favorável.
Não era o que a gente esperava, nossa janela de tempo, mostrava um período sem vento ou ondas contra, mas também sem praticamente nada de vento a favor também.
Sair do estreito com vento contra seria um erro, mas depois de 12 dias a gente não estava podendo se dar ao luxo de esperar mais. Aproveitamos para abastecer os tanques e levar combustível extra em camburões.
Pelos nossos cálculos, teríamos combustível suficiente para chegar às Ilhas Canarias caso tivéssemos que “motorar” o tempo todo.

Mas a gente foi pegando um ventinho aqui, outro ali e foi navegando (devagar, uma média de 5Kt – a gente não tinha pressa) praticamente todo o tempo. Precisamos ligar o motor só quando realmente não tinha vento nenhum. E abaixo de 3Kt o piloto automático se recusa a trabalhar.
No final das contas, usamos bem pouco o motor. Fizemos a travessia toda em um pouco mais de 5 dias.
Nossa média foi 5,7KT
Nossos tanques chegaram praticamente cheios!
E a gente curtiu muito a travessia, que teve um pouco de tudo: nada de vento, pouco vento e vento forte em poucos momentos (o suficiente para termos que tirar a Code Zero aberta)

Essa travessia nos ensinou muita coisa.
Os gastos com gás e comida a gente já tinha alguma noção por estar vivendo a bordo há quase 1 ano.
Como a gente anota tudo, dá para se organizar super bem com estas questões de provisionamento.
No final sobrou muita comida. Ficamos 2 dias em La Graciosa sem ter que nos preocupar com comida. Também começamos a nos familiarizar com os turnos. No início isso é bem difícil, mas quanto mais tempo a gente permanece nessa rotina, mais vai se acostumando a ela.
Outra questão que fez muita diferença e nos trouxe muito conforto foi o Water maker. Produzir água nos dá uma maior liberdade. Mas temos que cuidar para sempre ter água reserva suficiente caso tenhamos algum problema com o equipamento ou algum tipo de contaminação dos tanques.
Nossas principas atividades a bordo, além das básicas navegação e cozinha, são leitura, edição de vídeos, escrever textos para o Blog e diário de bordo, ver filmes, praticar yoga e conversar muito.
Chegar às Ilhas Canarias velejando é uma das exigências da ARC (o Rally que iremos participar para atravessar o Oceano Atlântico), e entendemos bem o porquê.
Essa pequena travessia ( nossa maior até agora) é uma amostra do que vem pela frente, quando tivermos 4x mais tempo para passarmos juntos, só nós e o oceano.
Vídeo da nossa travessia:
TRAVESSIA CARTAGENA - GIBRALTAR

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