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ENFIM, CARIBE




 Autor: Alessandra 
Rodney bay - St Lúcia
Chegamos oficialmente ao Caribe no dia 14 de dezembro de 2018.
Após 21 dias velejando através do Oceano Atlântico, chegamos a Santa Lúcia, e nossa primeira parada em águas Caribenhas foi em Rodney Bay.
Um misto de alegria e desapontamento, uma inesperada vontade de ficar mais tempo no mar...
Para nós, essa viagem foi surpreendente em vários sentidos, nos sentimos tão conectados com o mar e uns com os outros, nossa rotina funcionava tão bem, que chegar foi incrível por termos conseguido concluir algo que por muito tempo foi apenas um sonho.
Por outro lado, o Caribe que víamos agora se revelava algo bem diferente do que tínhamos imaginado. Não que tivéssemos criado grandes expectativas, mas as praias desertas com areia branca não estavam ali, e também não fazia o calor que eu esperava. Todos os dias eu precisava de um casaquinho e chovia bastante, o que dificultava bastante aproveitar passeios ou praias.
Ok, estávamos no inverno, o tempo por aqui é assim mesmo. Isso fazia com que a vegetação em Santa Lúcia fosse exuberante.
Diamond Falls - St Lúcia
Aqui há muitas cachoeiras, nos disseram. Beleza! Alugamos um carro e saímos a explorar. Não demorou para descobrir que para visitar as cachoeiras mais famosas era preciso pagar entrada (XCD 15,00/pessoa) e na primeira cachoeira não pudemos sequer entrar na água. Uma fila de turistas se acotovelava para tirar uma foto. Todos no mesmo lugar, no estilo tira a foto logo e desocupa o lugar.
Um amigo nosso pediu o dinheiro da entrada de volta. Se sentiu enganado. Conseguiu metade do valor das nossas entradas, assim nos sentimos um pouco melhor.
O caminho através da ilha, cheio de verde é muito bonito, em alguns pontos da estrada há vistas maravilhosas.
Resolvemos ir a um restaurante e ali fomos apresentados aos sabores incríveis da comida Creole, algo maravilhoso que eu tento todos os dias copiar em minhas receitas.
Os contrastes não terminavam em Santa Lúcia: na porta de um restaurante, quando fomos estacionar, tentaram vender drogas para nós. Nunca tínhamos passado por esta situação, nem no Brasil.
Na marina precisamos de um técnico para ver nosso gerador. Procuramos e encontramos uma autorizada Fisher Panda, fomos até lá e pedimos para mandarem um técnico. O rapaz que chegou no barco não sabia absolutamente nada do gerador, nos disse que não sabia como resolver e nos cobrou U$ 50,00 pela visita.
Eu não conseguia entender porque as pessoas gostavam tanto daqui.
Nossa sorte era ter amigos incríveis que deixavam nossos dias alegres,é maravilhoso conhecer pessoas de diversas partes do mundo e trocar experiências.
Mas a gente queria mesmo era sair logo e seguir adiante. Muitos amigos estavam indo para a Martinica, que ficava há 3h dali. Outros foram para Dominica e nos diziam que era lindo, mas muito perigoso.
Um dos barcos que participou da ARC conosco saiu da marina e foi para uma ancoragem pouco movimentada na ilha: foram assaltados. Levaram todos os equipamentos eletrônicos e computadores, além de 8 garrafas de rum. Detalhe: os assaltantes foram nadando até o barco e levaram as coisas em sacolas impermeáveis.
Resolvemos  que não iríamos para Dominica ou Martinica. Iríamos para o sul, junto com os amigos de um outro veleiro.
Partimos em direção a Bequia, a decisão mais acertada de todas!
Quando a gente chega ao Caribe, a gente fica um pouco perdido. São tantas ilhas para conhecer, a gente não sabe como funciona a questão da burocracia, cada ilha fala uma língua diferente, tem uma moeda diferente, bandeira diferente, comida diferente!!
Uma dica: se você gostou muito de alguma coisa que tem em uma ilha, compre o quanto precisar, pois provavelmente não vai encontrar na próxima ilha.
Assim como as diferenças que falei acima, a natureza e a água também mudam.
Cada lugar é único e especial, à sua maneira. E tem vento, água, onda, praia para todos os gostos. Acredito que foi aí que comecei a perceber a magia que atrai tantos velejadores para estas ilhas. 
Bequia - Grenadines
Em Bequia me senti no “Caribe como eu imaginava”
Tinha plaquinhas coloridas, águas calmas para andar de SUP e Caiaque, praia com areia branca para andar, água transparente e morna.

Lower Bay - Bequia - Grenadines
De Bequia partimos para Mayreau. Nos arrependemos por não ter ficado mais tempo aqui. A praia era praticamente nossa. O mar azul caribe, mergulho de snorkell maravilhoso, paz, paz, paz.

Mayreau: apesar de muitos barcos, a praia era deserta. Snorkell incrível aqui.


Saline Bay - Mayreau
Passamos a virada de ano em Union Island. Um lugar lindo com uma ancoragem bastante tensa. Aqui pegamos ventos de 40KT durante a noite. Nem precisa dizer que a gente praticamente não dormiu.
A natureza linda, com o verde tocando as águas cristalinas, praias maravilhosas, uma trilha que sobe o morro e nos mostra essa vista incrível. Sim, isso tudo estava valendo muito a pena!
Vista do alto da montanha em Clifton Bay - Union Island

Clifton Bay
A próxima parada foi em Chatham Bay. Aqui venta muito, o que a torna ideal para o kite surf. A praia é linda e tem esse barzinho que é um charme para quem não quer ficar pegando todo aquele vento.
Ale (Biguá) e Mirella (Ananta)

Em Chatham Bay há um centrinho com algumas lojinhas, mercados, padaria, bares e fruteiras. Tudo muuuito simples ( e caro) mesmo.
Hoje eu diria que o sul é o que melhor representa o Caribe dos nossos sonhos.
Chatham Bay

Quer ver mais sobre Bequia? Aí vai o link para o vídeo:


Taxas para entrar nas Grenadines:
XCD 63,00 + XCD 35,00/pessoa + XCD 50,00 por ser final de semana
total: XCD 253,00 (equivalente a U$ 94,00)

Valor médio das poitas:
XCD 65,00/noite



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